Chuvas já mataram 42 na Ilha da Madeira
Equipes seguem buscando corpos sob os escombros.
País vai decretar três dias de luto pelas vítimas.
Equipes de resgate portuguesas usando escavadeiras e suas próprias mãos procuravam neste domingo (21) por mais corpos nos escombros, após as enchentes e deslizamentos de terra que mataram pelo menos 42 pessoas na Ilha da Madeira, em Portugal.
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O governo de Portugal vai decretar três dias de luto nacional em homenagem às vítimas das enchentes no arquipélago. O Conselho de Ministros se reunirá na segunda-feira para declarar os três dias de luto diante das "calamidades e da catástrofe" causadas pelas enchentes e "estudar novas medidas de apoio".
Autoridades enviaram equipes de salvamento e engenheiros militares do continente para auxiliar os trabalhos na ilha, onde uma tempestade no sábado causou inundações e deslizamentos de terra, destruindo pontes, bloqueando estradas com pedras e lama e interditando partes da ilha.
Mergulhadores também foram enviados ao local para ajudar no resgate, já que se acredita que várias vítimas tenham sido empurradas para o mar durante a tragédia e morrido afogadas.
Estrago provocado pelas chuvas de sábado (20) em Funchal, capital da Ilha da Madeira, em Portugal. (Foto: AFP)
Homem é resgatado ao tentar atravessar rua alagada em Funchal, na Ilha da Madeira, no sábado (20). (Foto: AP)
O prefeito da capital de Madeira, Funchal, Miguel Albuquerque, disse que algumas áreas da cidade foram particularmente afetadas. "O que aconteceu nas partes mais altas de Funchal foi algo dantesco", disse ele pela televisão. Ele afirmou esperar que o número de vítimas ainda aumente, pois ainda restam muitas casas soterradas. A chuva alagou ruas da cidade, capital do arquipélago.
Em declarações à imprensa portuguesa, Albuquerque disse que várias das avenidas principais e bairros da cidade estão completamente intransitáveis. As regiões mais baixas de Funchal e dois de seus principais shoppings tiveram que ser esvaziados.
Francisco Ramos, o secretário regional de assuntos sociais, disse que havia 42 mortes confirmadas em Madeira, que fica a cerca de 1.000 quilômetros a sudoeste de Lisboa. Trata-se da pior tragédia em Portugal desde 2001, quando uma ponte sobre o rio Douro colapsou, matando 59 pessoas.
Carros foram arrastados pela correnteza e algumas casas ruíram ou foram danificadas no sábado. Muitas estradas foram destruídas ou bloqueadas com pedras, árvores e lama.
Cerca de 120 pessoas ficaram feridas e outras 300 passaram a noite e abrigos temporários. Aproximadamente 240 pessoas perderam suas casas. Ainda não há uma estimativa oficial para o número de desaparecidos, segundo autoridades locais.
Pedro Barbosa, vice-diretor do Serviço Regional de Defesa Civil, disse que a vila Curral das Freiras ainda estava sem comunicação e só pode ser contatada por rádio.
Parecia um tsunami', diz brasileiro sobre enchente na Ilha da Madeira
Chuvas torrenciais já deixaram 32 mortos em arquipélago português.
Brasileiro que vive em Funchal teve casa atingida por árvore e carros.
As chuvas torrenciais que já deixaram 32 mortos na Ilha da Madeira são “a situação mais caótica” já vista pelo brasileiro Guilherme Reis, 34, que vive há 5 anos em Funchal, capital do arquipélago que fica 900 km a sudoeste de Lisboa.
“Parecia um tsunami vindo de cima para baixo”, descreve o brasileiro, segundo o qual mesmo os portugueses nascidos no arquipélago não viam algo semelhante desde 1993, quando outra tempestade atingiu a região.
“Ontem fez um dia maravilhoso, mas já tinha alerta vermelho para hoje. Pela manhã, o tempo já estava fechado e chovendo. Mais ou menos meio dia, saí para dar aula e já vi o caos nas ruas”, conta Reis, que dá aulas numa academia e mora na Zona do Lido, região turística que foi menos afetada pelas enchentes.
Os destroços de um táxi são vistos entre duas construções atingidas pela enchente em Funchal, neste sábado (20) (Foto: Duarte Sa / Reuters)
Casa destruída
Situação mais grave, segundo ele, viveu seu primo, Fabiano Silva, 25, que mora no bairro da Pena, um dos mais atingidos.
“Ele trabalha à noite em um posto de gasolina. Chegou de manhã para descansar e quando ouviu os gritos, saiu de casa só com a roupa do corpo e pulou o muro. No local onde está a casa dele, já tiraram três pessoas mortas. Na porta da casa, tinha um táxi e um tronco de árvore muito grande”, conta.
Policial ajuda morador a atravessar rua alagada durante enxurrada neste sábado (20) em Funchal, na Ilha da Madeira. (Foto: Reuters)
Ainda abalado pelo susto, Fabiano, que também dá aulas de jiu-jitsu em Funchal, não pôde falar com a reportagem. “Ele perdeu tudo, mas pelo menos escapou com vida”, diz o primo.
“Nunca vi nada igual. Na mesma rua do meu primo, vi duas pessoas mortas dentro dos carros. Em cima da casa, foi encontrado o corpo de um bebê”, conta. No mesmo bairro, segundo Reis, vive ainda o presidente do governo regional, Alberto João Jardim.
De acordo com o brasileiro, por estar em uma região montanhosa, a cidade sofreu com os deslizamentos que atingiram as ribeiras, como são chamados os vales entre os morros, atingidos por lama, árvores e carros que foram arrastados pela força da água.
No final da tarde no Brasil, já noite em Portugal, a chuva havia dado uma trégua, mas o tempo permanecia fechado, segundo o professor. “O alerta vermelho deve durar o fim de semana inteiro, mas a meteorologia prevê que vai chover com menos intensidade”, disse.
BY MI FONTE: G1 MUNDO NOTÍCIAS -INTERNET EM 21/02